Torturados do Araguaia querem justiça | ![]() | ![]() | ![]() |
Cerca de 280 camponeses esperam indenização pela Comissão de Anistia do MJ. Decisão demora.
MARABÁ NOTÍCIAS
MARABÁ (PA) — Será no próximo sábado[22.09.07] o 1º Encontro dos Torturados da Guerrilha do Araguaia, no plenário da Câmara Municipal de São Domingos do Araguaia.
O principal objetivo do encontro é trazer autoridades da área de direitos humanos das esferas estadual e federal para esta região, a fim de conhecer a real situação das pessoas que foram torturadas durante a Guerrilha do Araguaia, ocorrida no período de 1972 a 1974.
A guerrilha deixou seqüelas na região. Muitas pessoas que nada tinham a ver com a guerra acabaram torturadas pelos militares do Exército sob acusação de estarem dando apoio aos guerrilheiros, que eram militantes do Partido Comunista do Brasil.
Lentidão
Por terem sido torturados, pelo menos 280 camponeses da região entraram com ação de indenização na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, mas os processos estão andando de forma muito lenta, por isso o Núcleo Regional de Justiça e Direitos Humanos de Marabá e a Associação dos Torturados de São Domingos do Araguaia resolveram promover esse encontro.
De acordo com o coordenador do Núcleo, Mário Brito dos Santos, várias autoridades já estão confirmadas para o encontro de sábado que vem. Entre elas estão representantes da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos, da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa e da Procuradoria Geral do Estado.
Fórum Permanente
Mário Brito confirma que no final do encontro será criado o Fórum Permanente da Guerrilha do Araguaia, que servirá como instrumento de acompanhamento constante dos processos que tramitam há mais de 10 anos na Justiça. Segundo ele, muitos requerentes estão idosos e alguns deles já até morreram, mas as famílias acompanham os processos de indenização.
Ainda segundo Mário Brito, o governo do Estado também vai aproveitar o encontro de São Domingos do Araguaia para fazer uma ação de cidadania, com emissão de documentos aos moradores daquele município e dos vizinhos.
Durante a Guerrilha do Araguaia, 67 guerrilheiros foram mortos ou estão desaparecidos. Além dos camponeses que dizem ter sido torturados, um grupo de militares que atuaram na Guerrilha também entrou com ação na Justiça pedindo indenização.
Os militares, que na época eram recrutas, alegam que foram mandados para uma zona de guerra sem receber nenhum treinamento para atuar nesse tipo de combate, conforme está previsto nas leis do País, por isso resolveram processar a União.